Um dos módulos da plataforma The iS-Tox®(In Silico Toxicology Platform) desenvolvida pela equipe Altox é o Genotox-iS, composto por modelos inteligência artificial e verificação de alertas, que realiza a avaliação de toxicidade das impurezas, conforme os critérios do ICH M7, um dos tópicos previstos no Documento Técnico Comum (CTD do inglês – Common Technical Document) e Manual CTD – 3.2.S, recentemente publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para registro de insumos farmacêuticos ativos (IFAs).
Tendo como premissa a valorização da ciência local de alto nível, e tendo um cenário ausência de atendimento customizado nas tecnologias disponibilizadas fora do país, considerando as diferenças de legislação e necessidades locais específicas, por exemplo, para o atendimento a exigências técnicas, estabeleceu-se a necessidade de criação de soluções mais específicas. O desenvolvimento da plataforma tecnológica envolve um grupo de especialistas brasileiros, das áreas de Toxicologia e Avaliação de Risco, Quimioinformática, Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial, e recebeu menção honrosa no Congresso Brasileiro de Toxicologia de 2017.
No âmbito das soluções da Altox para adequação das empresas às diretrizes de avaliação de segurança de impurezas em IFAs, além dos modelos disponíveis na plataforma e geração da documentação técnica aos nossos clientes, são providos treinamentos, atendimento diário de especialistas em tempo real, visitas e reuniões técnicas em caso de dúvidas e exigências técnicas. Segundo Carlos Eduardo Matos, pesquisador responsável pelo projeto e pioneiro no país no tema de avaliação de segurança de impurezas, este módulo da plataforma facilitará a implantação deste flow de avaliação de segurança de impurezas conforme os requisitos regulatórios, e a interação em tempo real com os especialistas da Altox, poderá reduzir significativamente as dificuldades técnicas, considerando a complexidade do assunto. Os módulos foram delineados com base no que é exigido e focam nos requisitos estabelecidos nas normas, conclui.
Sobre a plataforma
A plataforma iS-Tox vem sendo desenvolvida desde 2017, em um projeto de pesquisa inovativa em pequenas empresas (P IPE) vencedor de um dos editais da FAPESP. A plataforma é composta por diferentes módulos, contendo modelos in silico de inteligência artificial, de análise de alertas estruturais e outros, validados conforme os critérios da OECD.
Segundo os pesquisadores Rodolpho C. Braga e Iury Tércio Simões de Sousa, além da robustez científica, a ferramenta é user friedly; os modelos possuem abrangência estrutural ampla, facilitam a interpretação dos mecanismos de ação e da contribuição estrutural nas predições; e ao final, gera um report padronizado, transparente, compreensível e completo. Para o coordenador de desenvolvimento, Luiz Augusto Mota Filho, a plataforma integra as tecnologias mais atuais, com estrutura moderna, cognitiva e segura.
Avaliação de impurezas em Ingredientes Farmacêuticos Ativos – IFAs
No que se refere aos itens de qualidade de IFAs, a COIFA publicou em 26/06/2017 o Manual CTD – 3.2.S, com objetivo facilitar o procedimento de submissão de documentos e análises de registro de IFAs, direcionando mais efetivamente a elaboração da documentação com redução de exigências. O manual se aplica a IFAs sintéticos e semissintéticos, com aplicabilidade limitada a IFAs obtidos por fermentação ou extração, com itens obrigatórios e não obrigatórios (de livre iniciativa, salvo em evidência de risco e impacto na qualidade do IFA). Entre os tópicos contemplados para fins de submissão, há avaliação e limites para impurezas orgânicas, solventes residuais e impurezas mutagênicas. O Quality Overall Summary (QOS) também deve resumir os níveis de impureza em lotes do IFA utilizados nos estudos não clínicos, nos ensaios clínicos e em lotes fabricados no processo proposto. O QOS deve indicar como os limites de impurezas propostos são qualificados.
Implantação do CTD no Brasil e perspectivas
Com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária como um Membro Regulador do ICH desde novembro de 2016, um conjunto de ações para implementação das diretrizes nível II vêm sendo adotadas, entre as quais, a diretriz M4, que define o CTD. Com cronogramas distintos para implementação do CTD para IFAs e medicamentos, o setor regulado e a agência têm se mobilizado para as mudanças de curto, médio e longo prazo. O Documento Técnico Comum – CTD é um formato harmonizado de dossiês, que reúne sistematicamente os dados administrativos, de qualidade, de segurança e de eficácia. Com este modelo, fica mais claro o que se deve submeter para a agência e evita-se exigências técnicas.